Rio de Janeiro, 11 de Agosto de 2010                                                                     Por Victor Lessa

A era Mano Menezes começou na seleção brasileira. Na noite de ontem, em Nova Jersey, a seleção brasileira bateu a experiente seleção norte-americana por 2 a 0, com gols de Neymar, logo em sua estréia e Alexandre Pato – muito boa atuação – dando início assim, a era Mano na seleção, melhor ainda, com a volta de um futebol ofensivo e arrojado, a estréia saiu melhor que a encomenda.

 No início as dúvidas eram muitas. Se o esquema ofensivo armado por Mano iria dar certo, se a garotada que estava estreando ia aguentar a pressão de uma estréia em seleção brasileira, se conseguiriam superar a falta de entrosamento. Realmente o início foi difícil, o Brasil começou errando passes bobos, principalmente Daniel Alves pela direita, possibilitando bons contra-ataques para a seleção norte-americana, porém isso passou rápido. Aos poucos o Brasil foi impondo seu ritmo ao jogo, ritmo esse, que o torcedor não via, já faz algum tempo. Um Brasil com "cara de Brasil", jogando um futebol que só a gente sabe jogar, ofensivo, alegre, irreverente ( com responsabilidade e objetividade), trocando passes com uma rapidez impressionante, graças a movimentação do trio Pato, Robinho e Neymar, manuciados por Ganso. Era tudo o que o torcedor brasileiro queria ver, e sentia saudade de ver.

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No time escalado por Mano, tinha um meio de campo formado por Lucas, que marcou com extrema segurança e ainda saia jogando muito bem, fez ótima partida. Ramirez mostrou sua qualidade de costume, alia marcação com uma saída de bola rápida para o ataque com habilidade, além disso ajudava Ganso nas criações das jogadas, claro, não me esqueci de Paulo Henrique Ganso, camisa 10 do Santos e agora da seleção brasileira, mostrou uma traquilidade impressionante, não sentiu o peso da camisa, o futebol foi o mesmo, como se estivesse jogando na Vila, dentro de sua casa, com extrema elegância nos toques de bola, criatividade e ousadia, cada vez que pega na bola, mostra que é um jogador diferenciado e que será um dos pilares na seleção de Mano. O ataque foi formado e comandado pelo agora veterano, Robinho, que fez uma boa partida, com boas jogadas pela direita, voltou para buscar o jogo e auxiliou bem a garotada, do outro lado tinha Neymar, esse sim, talvez o melhor em campo,não só pelo gol que marcou aos 28 minutos do primeiro tempo, depois de um lindo cruzamento de André Santos e uma cabeçada certeira no canto direito do goleiro Haward, mas sim, porque driblou, chutou, infernizou a zaga dos EUA, enquanto teve fôlego, ao lado deles, Pato, jogador que estava desacreditado, não havia feito uma temporada tão boa assim pelo Milan, porém a estrela de Mano brilhou mais forte, ele acreditou no jogador e Pato fez a sua melhor partida com a camisa da seleção e ainda marcou um golaço, depois de uma linda enfiada de bola de Ramirez, o atacante driblou o goleiro e marcou o segundo da seleção. Não podemos esquecer, da atuação segura da zaga brasileira, apesar de ter sido formada pelos jovens, Thiago Silva e David Luiz, porém são jovens que já são ídolos em seus clubes e são disputados com unhas e dentes pelos grandes europeus, destaque para David, grande atuação ontem e que pode está se transferindo para o Chelsea-ING, para substituir Ricardo Carvalho que foi para o Real Madrid. Nas laterais Daniel Alves foi o único que não fez uma boa partida e André Santos mostrou que era a melhor opção para a Copa da África.

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O jogo de ontem foi a prova de que  o jeito "brasileiro de se jogar", não pode ser modificado tão radicalmente. Depois da fracasso na Copa da Alemanha, e a bagunça que foi a preparação para aquele Mundial, Dunga foi chamado para impor, rigor e seriedade no comando da seleção, isso ele conseguiu, porém da forma errada. Os talentos produzidos pelo futebol brasileiro, não são feitos para viverem de contra-ataques, de erros oferecidos pelo adversário e sim de se impor em campo, com ousadia, com dribles, tabelas, sem deixar o adversário respirar, assim como foi no jogo de ontem, os EUA não conseguiram jogar, estavam assustados com a pressão e a forma ofensiva com que jogava a  brasileira, não tinham poder de reação e no segundo tempo, estavam jogando os 11, atrás da linha do meio campo. Sua principal estrela, Donovan, foi anulado pela marcação brasileira. Tenho certeza que Mano conseguirá impor, seriedade e comprometimento em seu comando, sem banir a criatividade e a alegria do futebol brasileiro.

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Ontem o Brasil mostrou, que pode jogar com três atacantes, de forma ofensiva e ousada, sem medo de ser feliz e o que é melhor, sem expor sua retaguarda. A movimentação e a velocidade foram os pontos altos na atuação de ontem. O Brasil jogou pelos dois lados, invertia as jogadas, confundindo a marcação norte-americana, Robinho e Neymar trocavam de lado, e com o apoio dos laterais, tudo ficava mais fácil, foi assim que o Brasil estreou como todo o torcedor brasileiro sonhava em ver a sua seleção atuando. O único destaque ruim, fica para a contusão de Éderson, jogador do Lyon, no qual Mano tem muita confiança em seu futebol.

Mas é bom lembrar aos mais empolgados, que nem sempre as vitórias virão, nem sempre o futebol arte será possível e quando a seleção perder ou jogar mal, os chatos de plantão estarão de prontidão para criticar os meninos, porém devemos ter paciência com essa garotada, claro, criticar quando for necessário, mas acreditar neles primeiramente, porque eles serão o responsáveis, por conquistar a Copa realizada aqui no Brasil.

Ao fim de tudo isso, fica uma certeza. O futebol arte está de volta!

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