França e Uruguai não saem do zero
Por Luiz Felippe Reis
França e Uruguai complementaram a primeira rodada do Grupo A da Copa do Mundo, nesta sexta-feira, com um empate sem gols, na Cidade do Cabo, Capital Sul-africana, no estádio Green Point. O resultado deixou Uruguai e França empatados em pontos com África do Sul e México, que também empataram, mas por 1x1, o que deixou uruguaios e franceses nas duas últimas colocações do grupo no critério de desempate gols pró. França e Uruguai prometiam, por suas tradições em Copas, um grande duelo, com muitas alternativas e emoções. Só que, assim como em 2002, quando ambas se enfrentaram na primeira fase da Copa daquele ano, elas não saíram do zero, num jogo tecnicamente muito fraco. Com o empate entre África do Sul e México, uma vitória colocaria umas das duas seleções na liderança. Portanto a França logo tomou a iniciativa do jogo, ficando mais tempo com a bola, tentando empurrar o Uruguai mais ainda para o seu campo. E não demorou para a França chegar com perigo.
Aos 6 minutos, o volante Diaby fez lance individual na intermediária, achou Ribery, que avançou pela esquerda, passou por Victorino e cruzou, mas Govou não pegou em cheio na bola e perdeu grande chance. O Uruguai não parecia ter capacidade para contra-golpear, e a França mantinha o seu domínio no jogo, mas esbarrava na forte marcação uruguaia. Aos 15, no primeiro bom lance do Uruguai, Forlán carregou, entrou na área e bateu forte, mas Lloris fez boa defesa, salvando a França. Logo em seguida, aos 17, Ribery sofreu falta pela extrema esquerda, Gourcuff, surpreendendo a todos, bateu direto, mas Muslera estava esperto e salvou a “Celeste Olímpica”.
O jogo que parecia esquentar, esfriou. O Uruguai passou a ficar mais com a bola, e a França já não mostrava a mesma objetividade do início. Com isso, o jogo, no primeiro tempo, se arrastou num morno 0x0. A segunda etapa foi um retrato fiel da segunda metade do primeiro tempo na Cidade do Cabo. Simplesmente monótono. As equipes tocavam a bola e tentavam “chuveirinhos”, mas sem grande perigo aos goleiros. O centroavante francês Anelka tentou alguns cabeceios, mas todos sem grande preocupação para o goleiro uruguaio Muslera.
Os treinadores tentaram mudar o panorama: No Uruguai, entraram Lodeiro, no lugar de Ignácio González, e “El Loco” Abreu no lugar de Luís Suárez. Na França entraram Henry, no lugar de Anelka, Malouda, no lugar de Gourcuff, e Gignac, no lugar de Govou. Na realidade, nenhuma das alterações mudou o panorama do jogo, como pretendido. Aos 27 minutos, finalmente, uma chance de gol, e foi para o time uruguaio. Lateral cobrado com força para a área, Suárez ajeitou de peito, e Forlán, completamente livre, chutou pra fora, assustando Lloris. Aos 34, Malouda que tinha acabado de entrar, resolveu chutar de longe, e a bola foi pra fora, com perigo. Aos 36 minutos, o meia Lodeiro, que havia entrado 18 minutos antes, fez falta dura, recebeu o segundo cartão amarelo e foi bem expulso pelo árbitro japonês. Com um jogador a mais, a França partiu pra cima, tentou o gol, mas, novamente, não conseguiu transpor a forte e já tradicional marcação uruguaia. E o jogo terminou num justo 0-0.
Ponto Forte do Uruguai
A defesa - Lugano, Victorino e, principalmente, Godín mostraram-se muito seguros na partida de hoje. Além de um ótimo goleiro, que o Uruguai há alguns anos não tinha. Fazer gols na seleção uruguaia nesta Copa não será missão fácil para África do Sul e México.
Ponto Forte da França
A França está longe de jogar como pode jogar. Mas, em relação aos amistosos, ficou claro que a entrada de Diaby no meio-campo deu muito mais qualidade e consistência ao time. Só falta barrar os inoperantes Anelka e Govou.
Ponto Fraco do Uruguai
É uma pena ver uma seleção tão tradicional como o Uruguai ser sintetizada em marcação e pontapé. Ignácio González e Suárez eram jogadores que prometiam ajudar bastante o Forlán lá na frente, mas decepcionaram, e o Uruguai jogou como seleção pequena, que não é.
Ponto Fraco da França
Sem dúvida, que o grande ponto fraco da França é o seu treinador, Raymond Domenech. Ele tem jogadores talentosos e jovens na mão, dois ótimos laterais, Sagna e Evra, e não consegue fazer o time jogar. Tem um atacante de primeira grandeza no elenco, Thierry Henry, mas ele prefere escalar o questionável Anelka. Ele tem Malouda no elenco, um jogador sabidamente competente, mas prefere o, já desgastado e sempre apagado, Sidney Govou.
Melhor do jogo
DIEGO FORLÁN (URUGUAI) – Foi difícil escolher. Ninguém se destacou muito nesta partida. Mas o Forlán foi um jogador que correu bastante, se esforçou muito e o principal: Foi o que mais finalizou, foram três finalizações da estrela uruguaia, todas com perigo.
Pior do jogo
LODEIRO (URUGUAI) – Esse foi um legítimo roubo de status, já que Lodeiro entrou, aos 18 minutos do segundo tempo, no lugar do jogador que seria apontado como o pior em campo, o meia Ignácio González. Mas Lodeiro conseguiu superar González. Ele ficou apenas 17 minutos em campo, fazendo duas faltas duras, sendo expulso e deixando a seleção uruguaia na mão, com um a menos.
URUGUAI 0-0 FRANÇA
Estádio: Green Point, Cidade do Cabo
Data/hora: 11/6/10 – 15h30min (Horário de Brasília)
Árbitro: Yuichi Nishimura (Japão)
Auxiliares: Toru Sagara (Japão) e Jeong Hae Sang (Coréia do Sul)
Cartões amarelos: Evra, Ribery e Toulalan (FRANÇA); Victorino, Arévalo, Lodeiro e Lugano (URUGUAI)
Cartões vermelhos: Lodeiro (URUGUAI)
GOLS: -/-
URUGUAI: 1-Muslera; 6-Victorino, 2-Lugano© e 3-Godín; 16-Maxi Pereira, 15-Pérez (8-Eguren), 17-Arévalo, 18-Ignácio González (14-Lodeiro) e 11-Alvaro Pereira; 9-Suárez (13-Loco Abreu) e 10-Forlán.
FRANÇA: 1-Lloris; 2-Sagna, 5-Gallas, 3-Abidal e 13-Evra©; 14-Toulalan, 19-Diaby, 10-Govou (11-Gignac), 7-Ribery e 8-Gourcuff (15-Malouda); 21-Anelka (12-Henry).